"Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Professor não é educador

Retirado deste link 


Por Francisco Moreira


Este polêmico livro, escrito pelo filósofo Armindo Moreira, com graduação e mestrado feitos na Universidade Pontifícia de Salamanca na Espanha e com mais de 40 anos de professor – lecionando desde o ensino fundamental até ao ensino superior, pretende mostrar que educar e instruir são coisas muito diferentes.


Educar é promover, na pessoa, sentimentos e hábitos que lhe permitam adaptar-se e ser feliz no meio em que há de viver. Instruir  é proporcionar conhecimentos e habilidades que permitam à pessoa ganhar seu pão e seu conforto com facilidade.


O professor não deve ser educador de seus alunos, pois a verdadeira função do professor é instruir. A missão de educar cabe à família.


Assim, cruzamos na vida com pessoas instruídas e mal educadas; e conhecemos analfabetos com esmerada educação. A instrução, por si mesma, não dá felicidade. Porém é difícil conceber que um homem bem educado venha a ser infeliz.


Sabemos que os jovens e as crianças podem sofrer motivações de várias pessoas. Porém só educa eficazmente quem ama o educando. Sendo assim, o professor teria de amar os educandos, para poder educá-los. E o que poderia motivar o professor a amar os seus alunos: o salário?...


Educar pelo exemplo não é processo que esteja ao alcance do professor. Um aluno, até seus 15 anos, terá tido, no mínimo, 20 professores. Entre esses, é natural que surjam: religiosos e ateus; fanáticos, moderados e indiferentes – para com Deus e para com a Pátria; preguiçosos e trabalhadores; competentes e incompetentes; disciplinados e revoltados. Qual exemplo o aluno seguiria? Será que um ser humano pode ser educado por uma turma tão contrastante e contraditória em hábitos e convicções? É evidente que não.


Sabemos que nem a profissão nem o salário, por si mesmos, geram amor. Exigir que o professor seja educador é exigir que ele ame o aluno. Ora, amor não é sentimento que se exija para exercer uma profissão; menos ainda, em troca de um salário.


Educar é missão própria dos pais. Tanto quanto o pão, os pais devem dar educação aos seus filhos.


Os frutos resultantes das campanhas em massa dizendo que o dever de educar cabe à escola e, ao mesmo tempo, desautorizando os pais e a família da responsabilidade de educar seus filhos, estão visíveis por aí: o aumento por todos os lados dos analfabetos funcionais, aumento do número de vagas de mão-de-obra pelas empresas e que não conseguem ser preenchidas por falta de capacitação dos candidatos, assim como inúmeras outras situações analisadas no decorrer deste livro.


Por se referir de muitos modos ao ensino, outros assuntos também são analisados neste livro, entre eles:
  • A indisciplina: exigir educação é educar?
  • A polêmica sobre a repetência e a evasão escolar.
  • Os currículos: devem ser duráveis ou efêmeros?
  • Como aprender a redigir com facilidade.
  • Sobre  o hábito e gosto pela leitura e redação.
  • O professor deve ser simpático ou autoritário?
  • Violência e criminalidade.
  • Educação sexual.
  • Educação integral.
  • Ensino e política.
  • O que é ensino de qualidade?
  • Como melhorar o ensino.
O presente livro é polêmico por mostrar de maneira original e sucinta novas soluções para os problemas do ensino em nosso país. Esta é uma obra que pode ser amada ou detestada, mas que com certeza fará com que o leitor não saia a mesma pessoa após a sua leitura.


Facebook do livro: http://facebook.com/Professornaoeeducador


Retirado deste site


ENTREVISTA
O papel de educador cabe aos pais, segundo o Prof. Armindo Moreira

O título do livro pode parecer estranho para muita gente que acha que o professor é um educador. O livro foi escrito pelo Professor Armindo dos Santos Moreira, professor aposentado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), onde lecionou Filosofia da Ciência e História do Pensamento Brasileiro.
Para chegar a algumas conclusões que podem soar estranhas, usou, sem dúvida, seus conhecimentos em Filosofia, adquiridos ao longo de sua vida como professor na área de sua formação acadêmica: graduação e mestrado em Filosofia pela Universidad Pontifícia de Salamanca, de Espanha.
O Professor Armindo Moreira nasceu em Portugal, estudou na Espanha, morou em diversos países e lecionou no Brasil. Com base em suas experiências acadêmicas e de vida, falou ao Portal ProfessorNews o que pensa da Educação.
ProfessorNews  Como o senhor chegou à conclusão de que professor não é educador e sim um instrutor?
Prof. Armindo Moreira  Não é uma conclusão; é uma definição. Os professores são contratados para ensinar o que o aluno precisa para a vida prática. A educação de uma pessoa é tarefa natural dos pais. Os professores só podem corroborar essa educação dada pelos pais. O bom é que não a contrariem. Infelizmente, alguns professores, por se considerarem educadores, contrariam a educação dada pelos pais. E isso não é bom.
As palavras educar e instruir são usadas com os mesmos significados pela maioria das pessoas. Como exemplo, temos a educação fundamental e a educação superior, em vez de ensino fundamental e ensino superior. Por que ocorre isso?
Por omissão da Filosofia da Educação. Esta disciplina foi criada exatamente para evitar tais equívocos. Além disso, há muitas décadas, vemos autoridades, jornalistas e pessoas influentes fazendo a confusão, a ponto de constar em leis. Resultado: acabam achando que é normal falar uma coisa para dizer outra.
Muitos professores se dizem educadores. Onde está o engano nesse caso? Os pais é que devem educar os filhos?
Sim. Os pais é que devem educar os filhos. O engano está em que algumas palavras, em qualquer língua, têm dois ou mais significados. Daí, muita gente faz a confusão. E nunca é demais lembrar que o Brasil já teve um Ministério da Instrução até o início do século passado. Com o advento da ditadura, acharam que poderiam “educar” o povo para seguir suas ideologias e, aí, mudaram para o Ministério da Educação.
Se o professor não é educador, como ele deve proceder perante seus alunos? O quê e como fazer?
Ensine as disciplinas que assumiu. Exija educação para poder trabalhar. E se não conseguir um ambiente minimamente decente? A direção deve dar um jeito, utilizando os meios de que dispõe para impor a ordem.
O professor, certamente, é um profissional bem instruído (ou deveria ser). Seus conhecimentos e experiências são bem superiores aos de qualquer aluno, na maioria dos casos. Como ele deve "descer os degraus do conhecimento" para chegar ao nível do aluno?
É quase intuitivo, e a didática reforça que os conhecimentos devem ser ministrados na dose e no jeito que o aluno possa captar. Isso é sabido e posto em prática desde que os seres humanos existem. Depende do que se entenda por descer. Há quem julgue que descer até o aluno é: (1) aprender e usar a gíria dos jovens; (2) ser confidente das paixões dos adolescentes e atritos domésticos; (3) concordar com os moços em que seus pais são quadrados; (4) achar interessantíssimo que o aluno trate o professor de camarada.
Curioso é que nem os psicoterapeutas fazem isso. Por que não descem eles até o paciente como quer que o professor desça até o aluno? Para compreender o aluno, é preciso ter independência afetiva para poder apoiá-lo quando tem razão e desapoiá-lo quando não a tem.
Em sua opinião, como o professor deve interagir com seus alunos para que tirem o máximo de proveito de suas aulas?
Depende do aluno. O aluno pode ser criança, adolescente, adulto; pode ser um analfabeto, do ensino médio ou do ensino superior. Quando se fala de aluno, devemos dizer de que aluno se trata porque não há regra geral para todos. E, no estudo de didática, na preparação dos professores, essa abordagem deveria ser muito bem treinada tanto para ocupar bem o tempo das aulas  como para ter bons resultados de aprendizagem por parte dos alunos.
No seu livro "Professor não é educador", o senhor propõe criar uma "Junta Autônoma de Ensino" no lugar do Ministério da Educação. Como funcionaria essa "Junta"? Se não existir o Ministério da Educação, não ocorreria uma desorganização no ensino?
Não. Essa Junta assumiria as funções do Ministério da Educação e todas as outras necessárias para se obter um bom ensino. E por que isso? É preciso olhar para o ensino num horizonte de 15, 20 ou mais anos e não ao sabor de cada governante, de quatro em quatro anos, conforme o sistema eleitoral. Muda o partido no governo, mudam as coisas no ensino. Resultado? A tragédia que aí está, vivemos de moda em moda, de projetos em projetos. Pra citar um exemplo: há muito tempo, já deveríamos ter um currículo único para o país todo em Português, Matemática e Ciências e que não sofresse alterações por pelo menos 10 anos. Não se justifica um aluno do Ceará estudar um currículo diferente do Rio Grande do Sul ou do Acre ou da periferia de São Paulo. Trabalho para essa Junta Autônoma do Ensino.
Existe relação entre a Educação e a criminalidade? Como seria isso? 
Sabemos que existe. Não sabemos que tipo de relação ocorre em cada tipo de criminalidade, em cada lugar onde ela acontece e com que pessoas ela surge. Talvez os sociólogos, um dia, nos esclareçam melhor sobre a relação entre criminalidade e educação. De uma coisa, tenho convicção: se pais educarem bem os filhos, professores cumprirem sua obrigação que é ensinar e instruir, certamente teremos menores índices de criminalidade.
Por fim, qual é o recado que o senhor gostaria de deixar para os professores?
Se deseja melhorar o seu país e a vida de seus alunos, forneça conhecimento – e deixe a educação com os pais. Chamo a atenção para os primeiros anos do ensino fundamental: a importância de ensinar a mais relevante habilidade na vida de um estudante: aprender a ler direito (ler e entender o que leu). Sem isso, os demais anos na escola tornam-se uma tragédia.
Para saber mais sobre o livro "Professor não é educador", veja a síntese na Biblioteca Virtual do Portal ProfessorNews.

O Prof. Armindo Moreira pode ser contatado pelo e-mail armindomoreira28@gmail.com.


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