Arte Africana na sala de aula

Ancestralidade é arte

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Por Renata Apª Felinto dos Santos*

Nas Artes Visuais, expressar valores espirituais e crenças por meio da criação estética é um fazer que está intrinsecamente conectado ao ser humano. Na obra de Mestre Didi, ou Deoscóredes Maximiliano dos Santos (1917- 2013), evidencia-se o respeito pelo sagrado que representa os que vieram antes. Os materiais de culto aos seus orixás, os deuses do povo  Iorubá que formam o Panteão da Terra, como Nanã, Omolu e Oxumaré são empregados para a confecção de suas obras. Num primeiro momento, objetos rituais não sacralizados, num segundo obras absolutamente autônomas que emanam o poder criativo desse homem, ogã, sacerdote e artista. Quando a arte é expressão da religião, ela nos fala mais detidamente sobre cultura, a cultura de um povo, de um lugar. 

Como tratar a arte que está fundamentada numa temática religiosa, especialmente a de matriz africana, que ainda sofre com o preconceito e sua incompreensão? 

Nas práticas didáticas que envolvem a busca por estas respostas, encontra-se também o chamado exercício democrático, tão em pauta neste momento pós eleições. Que tal buscar com seus alunos, seja na biblioteca ou na internet, informações sobre mitos de Nanã, Omolu e Oxumaré? Vocês podem utilizar a argila, a palha, miçangas, fitas de cetim coloridas e outros materiais que tenham à mão para criar esculturas tendo esses mitos enquanto poética.

Para conhecer e saber mais sobre o artista, assista o documentário na íntegra em nosso site: Mestre Didi: arte ritual e acesse o material educativo.

REFERÊNCIAS

MESTRE Didi. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. 

Disponível em: . Acesso em: nov. 2014.

SANTOS, Deoscóredes Maximiliano dos (Mestre Didi). História de um terreiro nagô. São Paulo: Max Limonad, 1962.

*Doutoranda e Mestra em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, bacharel em Artes Plásticas pela mesma instituição. Especialista em Educação em Curadoria em Museus de Arte pelo Museu de Arte Contemporânea da USP. Atua como artista visual, educadora e pesquisadora voltada à pesquisa da arte feita por artistas negros no Brasil e no mundo.