Educação financeira deve entrar no currículo da rede pública
Educação financeira deve entrar no currículo da rede pública
26 de janeiro de 2012 • 09h55 • atualizado às 10h00
"Começo da vida adulta, primeiro salário e a dúvida:
o que fazer com o dinheiro? Poupar para o futuro
ou comprar aqueles itens sempre desejados?
Se poupar, em que investir? Muitos brasileiros
se veem diante dessas - e muitas outras - questões
logo que entram no mercado de trabalho.
A culpa, para alguns, é da escola, que não ensina
o aluno como gerenciar seus próprios recursos.
Pois, a partir deste ano, as siglas SFN, Selic e
CVM farão parte do currículo escolar.
É o que propõe um decreto aprovado pelo
governo federal em dezembro do ano passado.
Segundo a Estratégia Nacional de Educação
Financeira (ENEF), as escolas públicas deverão
incluir aulas de educação financeira no currículo básico.
É o começo de uma caminhada rumo à erradicação
do analfabetismo financeiro. "É muito importante
o aluno tomar conhecimento da educação financeira
desde cedo, para ser um adulto com maior qualidade
de vida e, principalmente, saber fazer escolhas e
diferenciar querer de precisar", afirma Odete Reis,
educadora e consultora financeira.
Para Odete, a escola tem o papel de suscitar
o debate sobre dinheiro. Gustavo Cerbasi,
mestre em Administração e Finanças pela
Universidade de São Paulo (USP) e palestrante
de finanças pessoais, concorda: "A ENEF já
foi testada e se verificou que trouxe para os pais
melhoria na qualidade de vida, pois a criança
é provocada na escola e aplica em casa".
Para ele, o ensino formal pode ajudar na quebra
do tabu do patriarcalismo, grande responsável
pela falta de educação financeira dos brasileiros.
Segundo o administrador, como até duas gerações
atrás a única fonte de renda da família era o
emprego formal do pai, o casal não conversava
sobre investimentos e economia doméstica.
A grande preocupação agora é com a capacitação
dos professores. O medo é que os docentes fiquem
ainda mais sobrecarregados, prejudicando o ensino.
"O desafio é fazer com que a educação financeira
seja estimulante, inclusive sendo explorada por
professores não só de matemática, mas também
de outras áreas, como ciências sociais e geografia",
afirma Cerbasi. Para o consultor, o bom uso do
dinheiro envolve qualidade de consumo, não
apenas quantificação.
Ensino na escola não tira a responsabilidade dos pais
No entanto, na opinião dos especialistas, a
responsabilidade continua sendo dos pais.
"É deles que vem o maior exemplo", garante
Odete. A escola tem um papel secundário,
de reforço da educação já obtida em casa.
"A criança a partir dos dois anos já entende
o dinheiro, sabe que compra coisas", afirma.
Os pais, ensina Odete, devem mostrar para
o filho que ele não pode rasgar as notas nem
jogar as moedas fora, pois elas têm valor de troca.
Para a criança em idade escolar, ela recomenda
o estabelecimento de uma mesada ou uma
semanada, para que o pequeno já se acostume
a se controlar. O valor indicado é de R$ 1 por semana
para cada ano de idade. Ou seja, uma criança
de 5 anos receberá, em média, R$ 20 por mês.
Claro que isso varia de acordo com as condições
da família e com as necessidades da criança.
Cerbasi aprova o uso da medida, mas alerta:
"Não é simplesmente dar dinheiro, a mesada
não é um presente. O importante é provocar
discussão com o assunto e mostrar que é o
direito de administrar uma parcela do dinheiro
da família."
Por essa razão, a especialista em educação
financeira Cássia D¿aquino é contra a obrigatoriedade
do assunto nas escolas. Segundo a educadora,
o sistema de ensino que temos hoje aliado
à delicadeza do tema não permite que se
pense em educação financeira obrigatória.
A escola, afirma Cássia, tem importância à
medida que prepara o cidadão para lidar com
a vida prática, mas o fundamental é o envolvimento
e o exemplo dos pais. Para ela, mesada e gastos
em casa não são temas que dizem respeito
aos professores. "Isso é assunto de família", defende.
Pensando nisso, há 18 anos Cássia desenvolveu
um programa de ensino que é empregado em
algumas escolas, de forma não obrigatória,
para auxiliar os pais a ensinar a gestão dos
recursos para os filhos. "É um programa baseado
no diálogo com os pais, em reuniões de
acompanhamento", conta. Além disso,
os perigos dessa obrigatoriedade vão
além do embate de gerações, afirma Cássia.
A especialista teme a manipulação de dados
por professores desinformados e até mesmo
mal intencionados, que poderiam tentar fazer
valer a sua visão de mundo em detrimento de outras."
26 de janeiro de 2012 • 09h55 • atualizado às 10h00
o que fazer com o dinheiro? Poupar para o futuro
ou comprar aqueles itens sempre desejados?
Se poupar, em que investir? Muitos brasileiros
se veem diante dessas - e muitas outras - questões
logo que entram no mercado de trabalho.
A culpa, para alguns, é da escola, que não ensina
o aluno como gerenciar seus próprios recursos.
Pois, a partir deste ano, as siglas SFN, Selic e
CVM farão parte do currículo escolar.
É o que propõe um decreto aprovado pelo
governo federal em dezembro do ano passado.
Financeira (ENEF), as escolas públicas deverão
incluir aulas de educação financeira no currículo básico.
É o começo de uma caminhada rumo à erradicação
do analfabetismo financeiro. "É muito importante
o aluno tomar conhecimento da educação financeira
desde cedo, para ser um adulto com maior qualidade
de vida e, principalmente, saber fazer escolhas e
diferenciar querer de precisar", afirma Odete Reis,
educadora e consultora financeira.
o debate sobre dinheiro. Gustavo Cerbasi,
mestre em Administração e Finanças pela
Universidade de São Paulo (USP) e palestrante
de finanças pessoais, concorda: "A ENEF já
foi testada e se verificou que trouxe para os pais
melhoria na qualidade de vida, pois a criança
é provocada na escola e aplica em casa".
Para ele, o ensino formal pode ajudar na quebra
do tabu do patriarcalismo, grande responsável
pela falta de educação financeira dos brasileiros.
Segundo o administrador, como até duas gerações
atrás a única fonte de renda da família era o
emprego formal do pai, o casal não conversava
sobre investimentos e economia doméstica.
dos professores. O medo é que os docentes fiquem
ainda mais sobrecarregados, prejudicando o ensino.
"O desafio é fazer com que a educação financeira
seja estimulante, inclusive sendo explorada por
professores não só de matemática, mas também
de outras áreas, como ciências sociais e geografia",
afirma Cerbasi. Para o consultor, o bom uso do
dinheiro envolve qualidade de consumo, não
apenas quantificação.
No entanto, na opinião dos especialistas, a
responsabilidade continua sendo dos pais.
"É deles que vem o maior exemplo", garante
Odete. A escola tem um papel secundário,
de reforço da educação já obtida em casa.
o dinheiro, sabe que compra coisas", afirma.
Os pais, ensina Odete, devem mostrar para
o filho que ele não pode rasgar as notas nem
jogar as moedas fora, pois elas têm valor de troca.
Para a criança em idade escolar, ela recomenda
o estabelecimento de uma mesada ou uma
semanada, para que o pequeno já se acostume
a se controlar. O valor indicado é de R$ 1 por semana
para cada ano de idade. Ou seja, uma criança
de 5 anos receberá, em média, R$ 20 por mês.
Claro que isso varia de acordo com as condições
da família e com as necessidades da criança.
"Não é simplesmente dar dinheiro, a mesada
não é um presente. O importante é provocar
discussão com o assunto e mostrar que é o
direito de administrar uma parcela do dinheiro
da família."
financeira Cássia D¿aquino é contra a obrigatoriedade
do assunto nas escolas. Segundo a educadora,
o sistema de ensino que temos hoje aliado
à delicadeza do tema não permite que se
pense em educação financeira obrigatória.
A escola, afirma Cássia, tem importância à
medida que prepara o cidadão para lidar com
a vida prática, mas o fundamental é o envolvimento
e o exemplo dos pais. Para ela, mesada e gastos
em casa não são temas que dizem respeito
aos professores. "Isso é assunto de família", defende.
um programa de ensino que é empregado em
algumas escolas, de forma não obrigatória,
para auxiliar os pais a ensinar a gestão dos
recursos para os filhos. "É um programa baseado
no diálogo com os pais, em reuniões de
acompanhamento", conta. Além disso,
os perigos dessa obrigatoriedade vão
além do embate de gerações, afirma Cássia.
A especialista teme a manipulação de dados
por professores desinformados e até mesmo
mal intencionados, que poderiam tentar fazer
valer a sua visão de mundo em detrimento de outras."
postado por Anna Monteiro às 06:38
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