"Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Educação financeira deve entrar no currículo da rede pública

Educação financeira deve entrar no currículo da rede pública
26 de janeiro de 2012  09h55  atualizado às 10h00

"Começo da vida adulta, primeiro salário e a dúvida: 
o que fazer com o dinheiro? Poupar para o futuro 
ou comprar aqueles itens sempre desejados? 
Se poupar, em que investir? Muitos brasileiros 
se veem diante dessas - e muitas outras - questões
 logo que entram no mercado de trabalho. 
A culpa, para alguns, é da escola, que não ensina 
o aluno como gerenciar seus próprios recursos. 
Pois, a partir deste ano, as siglas SFN, Selic e 
CVM farão parte do currículo escolar. 
É o que propõe um decreto aprovado pelo 
governo federal em dezembro do ano passado.
Segundo a Estratégia Nacional de Educação 
Financeira (ENEF), as escolas públicas deverão 
incluir aulas de educação financeira no currículo básico. 
É o começo de uma caminhada rumo à erradicação 
do analfabetismo financeiro. "É muito importante 
o aluno tomar conhecimento da educação financeira 
desde cedo, para ser um adulto com maior qualidade 
de vida e, principalmente, saber fazer escolhas e 
diferenciar querer de precisar", afirma Odete Reis, 
educadora e consultora financeira.
Para Odete, a escola tem o papel de suscitar 
o debate sobre dinheiro. Gustavo Cerbasi, 
mestre em Administração e Finanças pela 
Universidade de São Paulo (USP) e palestrante 
de finanças pessoais, concorda: "A ENEF já 
foi testada e se verificou que trouxe para os pais 
melhoria na qualidade de vida, pois a criança 
é provocada na escola e aplica em casa". 
Para ele, o ensino formal pode ajudar na quebra 
do tabu do patriarcalismo, grande responsável 
pela falta de educação financeira dos brasileiros. 
Segundo o administrador, como até duas gerações 
atrás a única fonte de renda da família era o 
emprego formal do pai, o casal não conversava 
sobre investimentos e economia doméstica.
A grande preocupação agora é com a capacitação 
dos professores. O medo é que os docentes fiquem 
ainda mais sobrecarregados, prejudicando o ensino. 
"O desafio é fazer com que a educação financeira 
seja estimulante, inclusive sendo explorada por 
professores não só de matemática, mas também 
de outras áreas, como ciências sociais e geografia", 
afirma Cerbasi. Para o consultor, o bom uso do 
dinheiro envolve qualidade de consumo, não 
apenas quantificação.


Ensino na escola não tira a responsabilidade dos pais

No entanto, na opinião dos especialistas, a 

responsabilidade continua sendo dos pais. 
"É deles que vem o maior exemplo", garante 
Odete. A escola tem um papel secundário, 
de reforço da educação já obtida em casa.
"A criança a partir dos dois anos já entende 
o dinheiro, sabe que compra coisas", afirma. 
Os pais, ensina Odete, devem mostrar para 
o filho que ele não pode rasgar as notas nem 
jogar as moedas fora, pois elas têm valor de troca. 
Para a criança em idade escolar, ela recomenda 
o estabelecimento de uma mesada ou uma 
semanada, para que o pequeno já se acostume 
a se controlar. O valor indicado é de R$ 1 por semana 
para cada ano de idade. Ou seja, uma criança 
de 5 anos receberá, em média, R$ 20 por mês. 
Claro que isso varia de acordo com as condições 
da família e com as necessidades da criança.
Cerbasi aprova o uso da medida, mas alerta: 
"Não é simplesmente dar dinheiro, a mesada 
não é um presente. O importante é provocar 
discussão com o assunto e mostrar que é o 
direito de administrar uma parcela do dinheiro 
da família."
Por essa razão, a especialista em educação 
financeira Cássia D¿aquino é contra a obrigatoriedade 
do assunto nas escolas. Segundo a educadora, 
o sistema de ensino que temos hoje aliado 
à delicadeza do tema não permite que se 
pense em educação financeira obrigatória. 
A escola, afirma Cássia, tem importância à 
medida que prepara o cidadão para lidar com 
a vida prática, mas o fundamental é o envolvimento 
e o exemplo dos pais. Para ela, mesada e gastos 
em casa não são temas que dizem respeito 
aos professores. "Isso é assunto de família", defende.
Pensando nisso, há 18 anos Cássia desenvolveu 
um programa de ensino que é empregado em 
algumas escolas, de forma não obrigatória, 
para auxiliar os pais a ensinar a gestão dos 
recursos para os filhos. "É um programa baseado 
no diálogo com os pais, em reuniões de 
acompanhamento", conta. Além disso, 
os perigos dessa obrigatoriedade vão 
além do embate de gerações, afirma Cássia. 
A especialista teme a manipulação de dados 
por professores desinformados e até mesmo 
mal intencionados, que poderiam tentar fazer 
valer a sua visão de mundo em detrimento de outras."

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial