"Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras

terça-feira, 6 de outubro de 2009

E a Educação?

Por uma escola mais digna

3 Artigos Retirados do blog E A Educação?

PRIMEIRO ARTIGO

"Uma hecatombe. Essa é a melhor descrição da escola de hoje. Exagero? Não, nenhum pouco. Esta semana, fomos banhados com um mar turvo de notícias que relatam o que acontece na maioria das escolas públicas brasileiras. Veja alguns exemplos: 1 em cada 4 docentes estaduais de Campinas foi alvo de violência; alunos agressores não são punidos; gravidez precoce é maior causa de evasão escolar; gravidez na adolescência vira projeto de vida para jovem carente; dois milhões de jovens vão à escola sem saber ler e escrever. Ou seja, a escola atual perdeu totalmente sua característica. Virou um antro de prostituição, tráfico de drogas e vandalismo. O professor ganha pouco e ainda apanha calado. Evidentemente, pois, se quiser se defender, comprará briga com o aluno, com sua gangue, com o Conselho Tutelar: com o mundo todo. Por isso, defendem punição severa aos alunos. A maioria dos alunos, por sua vez, freqüenta a escola por obrigação. Com descaso e outros interesses é como ele a trata. Muitos pais, em contrapartida, afirmam que a obrigação da escola é educar e nada ajudam para que essa tarefa seja realizada com sucesso. Isso quando não incentivam os filhos a desrespeitarem o professor.

O que fazer diante dessa hecatombe? Discutir o repasse de verba ou de quem é a culpa? Isso é perfumaria. O problema é geral. Não há um culpado. Todos somos culpados. O que precisamos fazer é atacar por todos os lados esse mal incrustado em nossa pele. Comecemos, casualmente, pelos professores que têm de parar e rever seu papel. Não faz mais sentido o uso da palmatória. Já passamos da era da industrialização, quando a disciplina tinha de ser rígida com o intuito de preparar o povo para trabalhar várias horas, sem poder refletir por que fazia aquilo. A função da escola era a de programar o povo para esse tipo de trabalho.

Portanto, não adianta, hoje, o professor despejar nos alunos um mundaréu de informações, regras e dicas sem contexto, e estes despejarem de volta na prova. É primordial que se tenha reflexão. Estamos na era da informação, ou pós-industrial. O maior tesouro é dispor de informações sobre como produzir, para quê, para quem e onde, isto é, encontrar a informação mais adequada para um fim. Entretanto, é essencial que se saiba discriminar a informação relevante da mera especulação.

Para seguirmos a exigência do mercado, defendo aqui uma subversão lingüística que Celso Pedro Luft pregava. O novo papel da escola é o de aprimorar a comunicação dos estudantes tanto na forma escrita quanto na oral, tanto na verbal quanto na não-verbal. E isso só será possível quando os alunos forem motivados e estiverem, constantemente, em contato com excelentes exemplos de textos (escritos, orais, verbais e não-verbais). Não é uma tarefa fácil. É árduo, é penoso. Mas isto, sim, é educação: uma construção demorada, mas sólida do cidadão.

Sem dúvida nenhuma, essa mudança será mais fácil nos lugares onde o corpo docente trabalha com mais autonomia. Onde não é preciso seguir, cegamente, uma cartilha, apostila ou livro didático. E nada melhor que o próprio professor, especialista em sua matéria, para saber como fazer essa mudança.

No entanto, que fique muito bem claro: a culpa não é dos professores. Ainda faltam os alunos e os pais. Veremo-nos na próxima oportunidade."


SEGUNDO ARTIGO


"Faltam famílias. Pronto, disse tudo o que precisava sobre o papel dos pais na educação dos filhos. Contudo, esse termo está tão banalizado hoje em dia a ponto de o pai matar, esquartejar e jogar no lixo os filhos. Absurdo? Aconteceu em Ribeirão Pires, aqui no estado de São Paulo. Família não significa maispessoas vivendo sob um mesmo teto” (Dicionário Houaiss), pois a moda é se casar e depois se divorciar. Está certo, ainda assim continuam pessoas vivendo sob um mesmo teto, mas a família (pai, mãe, filhosou as pessoas que representam essas figuras) que havia ali se desintegrou. E perceba que não foi usado o verbo “aturar-se”, “suportar”, “sobreviver”, “perseveraroutolerar”, mas simviver”, que de acordo com o Aurélio significa: “1. Ter vida; estar com vida; existir. 2. Perdurar, subsistir; durar. 3. Passar à posteridade; perpetuar-se. 4. Gozar a vida, sabendo aproveitá-la. 5. Tirar partido de tudo. 6. Habitar, residir, morar. 7. Alimentar-se, sustentar-se”.
No entanto, faz realmente falta uma família para o estudante? Vejamos duas pesquisas recentes. “Com a participação ativa dos pais na vida escolar, a nota dos alunos é cerca de 20% maior”, Revista Veja, 24 de setembro de 2008. “Pais que são freqüentadores de igrejas [juntamente com os filhos] tendem a ser mais preocupados com a educação de seus filhos e interagem mais com professores”, afirmou Edwin Hernandez, que realizou essa pesquisa nos EUA (Folha de S. Paulo). Evidentemente, os filhos desses pais se saem melhor na escola. Está certo que a pesquisa foi nos EUA, mas se fosse aqui, no Brasil, não teria um resultado parecido?
Para ficar mais fácil e didático, enumero sete características do pai (ou mãe) exemplar. Ele deve: 1. ser amoroso, mas não permissivo. 2. manter, em casa, a harmonia, o respeito e o diálogo aberto (não adianta nada você ser o homem mais poderoso do mundo, se não for nada para o filho). 3. cobrar que seu filho durma cedo, vá à escola, estude, faça lição de casatudo isso diariamente. 4. não tentar comprar o filho com presentes. 5. fazer o filho refletir, entender por que errou, não criticar comportamentos inadequados (outra pesquisa americana mostra que, em média, uma mãe fala 34,2 nãos por dia – faltou completar que não adianta nada). 6. estimular o filho a ter metas. 7. desenvolver a capacidade crítica dele, principalmente ao ver TV. Se você, pai ou mãe, não desempenhar esse papel, quem desempenhará? A criança? Por acaso, ela adquiriu autonomia para não precisar de vocês? O professor, então? Deixar mais essa responsabilidade nas costas do professor não funciona, pois ele não vai embora para casa com o aluno. É responsabilidade de vocês, pais.
Quanto à relação pai e professor, precisamos estabelecer algumas regras e limites para acabarmos, definitivamente, com essa guerra. Se, por ventura, algum dia o senhor, pai, não aprovar certa atitude do professor, ou vier a seu conhecimento algum equívoco que este cometeu, não diga isso ao filho. Vá e converse, em particular, com o professor. Por que isso? Se declararem ao filho que o professor não sabe nada ou que não poderia ter feito isso ou aquilo, o filho, na figura de estudante, nunca mais irá respeitar o professor. Ele pensará que o papai, sempre, o defenderá e que, deste modo, poderá fazer tudo o que bem entender. Acontecendo isso, todos, inclusive os pais, terão dificuldade de lidar com ele. Assim como o pai, o professor deve ser o herói. Nunca podemos enfrentá-lo, afirmar que lhe falta qualidade e caráter ou lhe retirar a autoridade. Podemos e devemos dialogar com ele, visando à melhoria da educação, mas não na presença do filho. Enfim, é preciso confiar os filhos ao professor e ponto final.
Mais uma vez quero deixar claro que a culpa do fracasso escolar não é dos pais nem dos professores; é de todos. Ainda resta discutirmos o papel dos estudantes."



TERCEIRO ARTIGO



"Este é o último artigo de uma série de três que apontam o que está errado no ensino. Já foram abordados os erros dos pais e dos professores. Resta falar sobre os alunos. Será que eles têm alguma culpa nisso? Não são eles o objeto da educação? Segundo Paulo Freire, essa é a primeira afirmação equivocada, pois os estudantes devem ser o sujeito da educação. A educação é direcionada a eles, sim, mas não pode ser recebida de forma passiva. É vital que haja reflexão e crítica. Assim, necessitamos aprender qual é a forma correta de estudar. Para isso, reflitamos sobre alguns tópicos.


Por que estudar? Estudo recente feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) revela que mais de 70% dos jovens brasileiros não têm nível de educação para conseguir um trabalho bem remunerado. Portanto, a primeira resposta é para conseguir um bom emprego. Por outro lado, vemos que esse bom emprego não está relacionado com a força bruta do ser humano, mas sim com a inteligência, com o uso do intelecto. Então, a segunda resposta é para ficar mais inteligente.

Quando estudar? Para respondermos a essa pergunta, antes precisamos entrar em outro assunto que é a noite de sono. De acordo com o professor Pierluigi Piazzi e com uma pesquisa publicada na revista Veja (21/11/2007), é justamente durante o sono que nós armazenamos novos conhecimentos. Ou seja, ninguém aprende algo acordado; é preciso dormir para o novo conhecimento se solidificar em nossas mentes. O problema é que nem sempre gravamos o que queremos. Normalmente, ficam registrados de forma nítida na memória fatos que envolvem emoções fortes ou que são repetidos. Portanto, uma aula qualquer será fatalmente esquecida, se o aluno não se envolver emocionalmente com ela ou ficar repetindo várias vezes o conteúdo. Detalhe, essa repetição não deve ser necessariamente oral, como muitos fazem para decorar algo. O que está sendo abordado aqui é o aprendizado, não a decoreba. Outro ponto importante é a duração do sono. O ideal para adolescentes, segundo pesquisadores da Universidade Cleveland, nos Estados Unidos, é 9 horas. Menos disso pode causar obesidade, problemas de crescimento, déficit psicomotor, alteração de humor e, a grande novidade apresentada por eles, hipertensão. Voltando à pergunta inicial, a resposta é devemos estudar o dia inteiro. O primeiro passo é ter qualidade de sono: dormir cedo para acordar cedo. O segundo é ir à escola de manhã e participar ativamente das aulas. O terceiro e mais importante é revisar – estudar – o conteúdo dado de manhã na parte da tarde, isto é, deve haver uma repetição das aulas. Os que frequentam a escola de tarde devem estudar à noite. E quem frequenta à noite precisa dormir uns 40 minutos mais tarde. Estudar na véspera ou momentos antes da prova não tem valia. Você pode até tirar uma nota boa, mas certamente não aprenderá.

Quanto estudar? Ou qual deve ser a duração do estudo? Isso varia de pessoa para pessoa. Uns precisam apenas de duas horas diárias, outros mais. No entanto, o que precisa ser esclarecido é que se pode estudar o dia inteiro, mas o ideal é que, para cada 30 minutos de estudo concentrado, se faça um intervalo de 10 ou 15. O que fazer durante o intervalo? As atividades mais indicadas são: fazer exercícios físicos, ler por prazer ou diversão, tocar instrumentos, ouvir música e fazer palavras cruzadas. As menos indicadas são: ver TV (com exceção de poucos programas) e usar computador. A dica é trabalhar as outras áreas do cérebro para que, depois, possa retornar ao estudo concentrado.

Como estudar? Um velho ditado chinês diz: “Se eu escuto, esqueço. Se eu vejo, entendo. Se eu faço, aprendo”. Com mil caracteres na escrita deles, só assim mesmo para aprender. A conclusão é que devemos praticar as matérias: resolver exercícios, fazer resumos e explicar o conteúdo para alguém. Dessa maneira e com a repetição necessária, aprenderemos qualquer coisa.

Por último, não podemos deixar de frisar o valor e os benefícios da leitura, já conhecidos por todos. Além de ser o melhor exercício para o cérebro, pois tem o poder de torná-lo mais inteligente, traz conhecimento de mundo. Nenhuma cultura é inútil. E uma vez adquirida, ninguém pode lhe tirar.

Minha mensagem final é: leia! Leia como uma criança que acabou de ser alfabetizada: sentido prazer e ficando feliz. Leia tudo o que tiver vontade."

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